No universo dos produtos premium — vinhos, charutos, cafés, destilados, azeites e até chocolates — o conhecimento técnico não apenas enriquece a experiência do consumidor, mas também impulsiona as vendas e fortalece o mercado. Profissionais especializados, como Sommeliers, desempenham um papel essencial nesse processo, traduzindo características complexas em informações acessíveis e relevantes.
Para estruturar esse conhecimento, especialistas desenvolvem terminologias que definem aspectos sensoriais, processos de produção e particularidades de cada produto. Esses termos não são aleatórios; possuem fundamentação técnica e, muitas vezes, científica, garantindo que a comunicação entre produtores, profissionais e consumidores seja precisa e confiável.
É parte do trabalho de um Sommelier acompanhar e reconhecer as estratégias da indústria e seu impacto direto no consumo.
— Mikaela Paim, Sommelière especialista multissensorial e referência internacional.
A influência da terminologia na percepção do consumidor
Recentemente, produtos como azeites e cafés ganharam destaque no Brasil, impulsionados pelo aumento dos preços e pela busca por qualidade. Com isso, termos técnicos antes ignorados passaram a chamar atenção.
No caso do azeite, por exemplo, a indústria passou a destacar nos rótulos a classificação EXTRA-VIRGEM, informação importante para os consumidores que buscam pela qualidade. No entanto, também introduziu expressões como “3% de acidez”, levando muitos a acreditar que quanto menor a acidez, melhor o azeite. Na prática, esse é apenas um parâmetro técnico para definir se o azeite é virgem ou extra-virgem, não um indicativo direto de qualidade.
Já no mundo do café, embalagens com os termos TRADICIONAL e EXTRA-FORTE sempre venderam mais por sugerirem uma experiência sensorial intensa. No entanto, especialistas sabem que, por trás dessas classificações, muitas vezes se escondem práticas como o uso de grãos de menor qualidade, misturas com ingredientes não relacionados ao café e torra excessiva para mascarar defeitos — motivo pelo qual esses cafés costumam ser consumidos com açúcar.
Exemplos como esses são inúmeros: VINHO RESERVA vs. RESERVADO, CHARUTOS LONG FILLER vs. MEDIUM FILLER. Todos demonstram como o trabalho de profissionais qualificados é essencial para tornar o consumo mais consciente e maximizar a experiência do consumidor. E com o trabalho responsável do Sommelier, é possível clarificar dúvidas do cotidiano e elevar a percepção do consumidor para escolher o produto mais alinhado com sua expectativa.
O risco da desinformação
Quando entusiastas e comunicadores não especializados promovem entretenimento sem embasamento técnico, a confusão se instala. A simplificação excessiva ou o uso equivocado de termos técnicos podem criar ruídos no mercado, levando consumidores a escolhas erradas e, muitas vezes, desvalorizando a experiência original do produto.
Isso não significa que o conhecimento técnico deva ficar restrito a um pequeno grupo de especialistas. Pelo contrário! A democratização da informação é fundamental, desde que feita com responsabilidade. O segredo está na precisão das terminologias e na busca por fontes confiáveis.
Em um cenário onde a experiência sensorial se tornou um diferencial competitivo, a clareza no discurso é tão valiosa quanto o próprio produto. O respeito às terminologias técnicas não é apenas um detalhe — é um fator essencial para a evolução e credibilidade do mercado.
E você? Já presenciou o mau uso de uma terminologia impactando seu setor?
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